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terça-feira, 5 de maio de 2020

Quarentena





As paredes oprimem, gemem
no escuro de noites e mais noites, gritam.
O céu lá fora brilha, exuberante,
meu céu lacrimeja, sente, dói.
Os olhos em nuvens lágrimas a cada perda,
a cada dia
Os dias se somam, amontoados a um canto,
esperando a vida passar
Cada dia um sol a mais,
uma lua a menos,
perdidos, descalços pelas ruas desertas.
A vista é envidraçada, entrelaçada,
em treliças de olhares curiosos,
do alto de prédios, do alto de morros,
escondida.
Os pés transitam no vai e vem curto e lúgubre,
estão tontos do reduzido espaço.
Café, preciso de um café.
Um grito ecoa na vizinhança,
nada a temer,
apenas a vida que parou,
estancou, emudeceu.
E eu aqui.
A música que toca vai iludindo o tempo,
embalando o corpo,
entorpecendo a dor.
Vinho, preciso de um “vinho tinto de sangue”
04/05/2020

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